Trouble-with-the-Curve-curvas-da-vida-michael-renzetti

O nome original do filme é Trouble with the Curve, traduzindo, problema com a curva, o que não faz da tradução brasileira escolhida para estampar seus posters e capas uma má ideia. Na verdade, a versão tupiniquim do título para o filme é tão clichê que combina com a maioria das cenas do longa.

Mas não me leve a mal. Clichê só é ruim para quem não sabe se curtir. Desde o início, quem tem mais de dois neurônios sabe como a história vai se desenrolar. Mas isso não importa. A gente está aqui pela viagem, não pela recompensa no final.

No filme, Clint Eastwood é um olheiro de baseball. Um dos melhores. Mas está velho e ficando cego, o que compromete seu trabalho. Ele é um daqueles homens antigos, que ficaram perdidos no tempo e não fazem questão de aprenderem a viver nessa “sociedade tecnológica”. “RUUU EU COMO PIZZA NO CAFÉ E LEIO JORNAL PARA SABER COMO O JOGADOR FOI NA ÚLTIMA PARTIDA, QUE SE FODA O COMPUTADOR”. (Ele não disse isso durante o filme, mas pensou, provavelmente).

Com razão, os dirigentes do time para quem Eastwood trabalha ficam preocupados, e juntamente com a insistência de outro empregado (que utilizava todo tipo de tecnologia para avaliar atletas), perdem a confiança no velho olheiro e enviam secretamente outro rapaz para avaliar o menino prodígio Bo Gentry.

Bo é a pessoa feita para ser odiada no filme. É o clichê do atleta que se acha e acaba falhando. Só de ver sua primeira cena, quando pede um amendoim para um vendedor – que é jovem e manda o saquinho com grande força, fazendo você pensar “nossa, ele seria um bom arremessador” – você percebe que Bo não vai longe na vida.

John Goodman faz o papel de melhor amigo de Eastwood e, visitando-o, percebe algo de errado. Ele está ficando cego. Então pede para a filha do olheiro, a ótima Amy Adams, acompanha-lo na viagem para avaliar Bo Gentry.

Adams é uma advogada, e faz de tudo para se tornar sócia da empresa num daqueles clichês de pessoa-que-odeia-o-trabalho-mas-trabalha-duro-para-ser-a-melhor. Ela está prestes a realizar seu “sonho”, mas larga tudo para acompanhar o pai no clichê filho-querendo-a-aprovação-do-pai-mesmo-sendo-bem-resolvido-na-vida.

E a partir daí um filme que era regular fica bom. As “aventuras” de Adams e Eastwood na cidadezinha em que Bo Gentry jogava Baseball são muito divertidas. Você aprende mais sobre o relacionamento problemático dos dois, vê que ela entende muito de baseball no clichê mulher-entende-também-de-esportes-eu-me-interesso-secretamente-pela-profissão-do-meu-pai e é apresentado a Justin Timberlake. Um clichê de jogador de baseball que se machucou e teve que se contentar a uma função menor no esporte. Era o olheiro dos Red Sox.

Com a magia do clichê, Justin (posso chama-lo de Justin?) se apaixona por Adams e fica próximo à família. Eastwood descobre, em um grande clichê, que Bo Gendry não é tão bom e avisa Justin. O ex-jogador não contrata o garoto (seu time tinha a primeira escolha). Mas o time de Eastwood ignora seus conselhos e assina com Bo, fazendo Justin ficar muito bravo e ir embora no clichê da raiva-injustificada-que-aparenta-acabar-com-o-relacionamento.

Justin volta, Bo Gentry se prova não ser tão bom, pois Adams acha na frente de seu hotel o garoto do amendoim, e ele é o melhor arremessador do universo. É tanto clichê que eu nem sei mais onde estou.

É um filme divertido, que conta uma história simples de forma leve. Os atores são ótimos, até mesmo Justin Timberlake. Ele não se arrasta, não te cansa, e acho que é uma característica muito positiva para o gênero.

Nota: 2,5 Suit and Ties de 5 possíveis.